Aos 88 anos e após 70 anos de trajetória profissional, Carlos Alberto de Nóbrega fez declarações contundentes em uma entrevista divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo no domingo (9/6).
Durante a conversa, o apresentador do programa “A Praça é Nossa” explicou as razões da saída de Eliana do SBT e também expressou críticas em relação à TV Globo e à presença crescente de influenciadores na televisão.
Ele lamentou a situação ao comentar: “É triste. A Eliana deixou o canal por motivos válidos. Eu teria agido da mesma forma. Sempre deixei claro para o Silvio que não sairia do SBT por dinheiro, mas se desrespeitassem meus princípios, sim”, declarou.
Carlos Alberto também assegurou que a colega de emissora, que está encerrando seu contrato de 15 anos com o canal de Silvio Santos nos próximos dias, ainda não decidiu seu próximo passo: “Eliana não está indo para a Globo neste momento, posso garantir isso.
Nós somos amigos. Ela está analisando suas opções. Mas posso afirmar que não será para a Record. Nem para a Band”, revelou.
Sobre as transformações ocorridas no SBT desde a aposentadoria do “patrão” (como Silvio Santos é conhecido), o apresentador destacou o trabalho de Daniela Beyruti, terceira filha de Silvio, que assumiu a gestão da empresa:
Ele analisou a situação comentando: “Daniela está buscando a juventude, os influenciadores, e está investindo pesado, mesmo com a queda na audiência. Mas pelo menos há um esforço: ela está tentando inovar. Seria prejudicial se mantivessem a mesma estratégia do pai.
A mudança foi rápida, porém necessária. Era preciso agitar as coisas. Daniela precisa trabalhar com essa Virginia Fonseca e arriscar. Se está rendendo três pontos de audiência agora, poderá alcançar cinco ou seis no futuro”, avaliou.
Apesar de expressar a necessidade do SBT se envolver mais com os influenciadores, ele ainda tem reservas em relação às novas contratações: “Cada um tem sua especialidade.
A televisão está buscando rostos novos, mas há uma diferença entre estar em casa, dançando, brincando e promovendo produtos, e estar à frente de um programa por duas horas”, concluiu.
Carlos Alberto de Nóbrega também expressou sua opinião sobre a concorrência, mencionando que a TV Globo está “seguindo por um caminho ruim” ao desmantelar o núcleo de humor, anteriormente liderado por Marcius Melhem, que foi afastado após acusações de assédio.
Ele criticou ainda mais, dizendo: “É muito difícil fazer alguém rir. O humor da Praça está em risco. A Globo, com essa tendência de radicalismo, está focada em retratar um Brasil sombrio.
Agora, produzem apenas séries violentas, com temas de estupro. É demais, é o que já vemos nas ruas”, disse ele de forma contundente.
O apresentador expressou sua opinião sobre Marcius Melhem, sugerindo que ele seria uma adição positiva ao seu programa, mas até agora não o convidou: “Agora parece que tudo não passou de mentiras.
Ele vai se livrar de todas essas acusações. Ele foi julgado e condenado por todos, e isso não é justo”, reclamou ele.
Carlos Alberto também mencionou uma situação controversa que ocorreu no SBT quando ele comentou em uma entrevista que Silvio Santos, ausente há dois anos, provavelmente não retornaria ao trabalho.
“Ele ficou extremamente irritado. Houve muita confusão na empresa. Foi proibido que qualquer pessoa falasse sobre a vida dele. Foi um recado para mim.
Mas ele não podia me dizer isso diretamente, por razões óbvias, certo? Nós temos uma amizade de 70 anos”, destacou.
O apresentador expressou saudades do seu chefe e amigo: “Meu carro ficava estacionado ao lado do dele no SBT.
Era o meu, o dele e o da Hebe, que nunca aparecia. Quando chego lá e vejo aquela vaga vazia, bate uma nostalgia”, compartilhou.
Logo depois, Carlos Alberto mencionou que essa provavelmente seria sua última entrevista para veículos de imprensa: “Pode parecer um pouco antipático, mas esta entrevista pode ser a última que dou.
Já são três gerações me conhecendo, então não há muito mais o que perguntar para mim. Sinto-me obrigado a participar de podcasts ou receber vocês em casa para falar sobre coisas que todos já sabem”, apontou.
Ele também compartilhou que não sente medo da morte: “Não tive medo de morrer. Nem quando tive Covid, nem quando sofri a queda no meu sítio no final do ano passado. Algo me dizia que tudo ia acabar bem”, brincou.
E finalizou dizendo: “Meu único medo era ter um AVC. Essa seria a única coisa que me faria parar de trabalhar. Quero aproveitar a vida, não ficar no sítio esperando a morte”, concluiu.
O apresentador passou por uma cirurgia para remover um coágulo no cérebro, identificado em seus exames.
A operação foi realizada em 14 de dezembro no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Durante o período em que o humorista estava hospitalizado, sua filha, Maria Fernanda Nóbrega, optou por usar as redes sociais para comunicar o estado de saúde do pai:
“Quero tranquilizar a todos quanto ao estado de saúde do meu pai. Após uma queda há cerca de um mês, os médicos recomendaram a realização de uma cirurgia devido ao sangramento persistente. No entanto, quero garantir que ele está se recuperando bem”, assegurou.
Além disso, Maria Fernanda esclareceu um ponto importante: “Antes que perguntem, gostaria de explicar que meu pai me solicitou que eu não fosse para São Paulo neste momento. Respeito a decisão dele e estou apoiando à distância”, concluiu.
A filha de Carlos Alberto de Nóbrega acrescentou: “Na segunda-feira, eu realmente queria pegar o primeiro voo e ir até lá, mas vou respeitar a decisão dele e encontrar maneiras de me distrair durante o dia”, comentou.
Carlos Alberto de Nóbrega sofreu um acidente doméstico no começo de novembro, resultando em sua hospitalização. O humorista fraturou uma costela e bateu a cabeça devido à queda.